Começou hoje (28/11/11) a COP 17, a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, da ONU, em Durban, África do Sul.
Já tivemos 16 (a última, no ano passado, em Cancún) e desde a COP 15 (2009, em Copenhague) o mundo não é mais o mesmo, pois foi nessa edição que o mundo inteiro se postou e mostrou contra as mudanças climáticas e contra o modelo de desenvolvimento perverso que existe nas nossas nações. Houve muita confusão, pessoas foram presas, aconteceram até fortes embates com a polícia dinamarquesa.
Mas ninguém nos ouviu!
Nosso sistema não está preparado a lidar com uma mudança tão urgente, inegociável e que o Capital não quer. E não quer porque seus sistemas de planejamento são de outro tempo. Só planejam a partir de dados concretos ou de vislumbres administrativos, não contando com a interveniência da Natureza. O mundo requer a versão 2.0 das corporações (ou 7....).
Na verdade, o mundo está carente da própria versão 2.0 do Homo sapiens sapiens, ou, ainda, uma nova espécie, até subespécie talvez sirva, do gênero Homo. Uma que saiba conviver com o ambiente em que vive.
Contudo, a versão orginal dos seres humanos não consegue lidar efetivamente além do seu umbigo. Ainda pretende fazer com que araras falem a nossa língua ou que chimpanzés expressem-se por meio da linguagem de libras, em vez de nós aprendermos a linguagem deles.
Aqui no nosso Brasil, a classe política resolveu de vez virar as costas ao seu eleitorado. Mesmo que 85% da população acredite que o novo Código Florestal deva priorizar florestas e rios (pesquisa do Datafolha, encomendada pelas ONG's Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Imaflora, Imazon, nstituto Socioambiental, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil, de 03 a 07 de Julho de 2011, ouvindo 1286 pessoas), o precaríssimo novo Código Florestal está sendo aprovado no Congresso Ruralista (neo e antigos) goela abaixo. A soberba dessa classe que está se destituindo de validade nega os estudos e apelos científicos.
A matriz energética vai pelo mesmo lado, o errado: o Brasil ainda pretende manter a avassaladora hidrelétrica como sua matriz, mesmo com impactos que o mundo e, mais ainda, os brasileiros irão pagar com sangue e com a própria vida, Por aqui temos muitas fontes limpas passíveis de uso. Belo Monte é o grande símbolo. Mas temos mais belos-montes Brasil afora. Aqui no Sul, Pai-Querê, no Rio Pelotas, entre SC e RS, pretende afogar milhões de plantas nativas de uma mata primária (creia, aquelas matas não foram mexidas!). A luta tem sido infernal. Outro exemplo, Garabi, entre o Brasil (RS) e Argentina, pretende afundar o Salto Yucumã, na região onde vivem as últimas onças-pintadas gaúchas. Isso é inconsequência, infantilidade ou pura sacanagem?
Nesse mesmo contexto (de sempre) é dada a largada da COP 17, lá no nosso continente-berço. Sem muitas perspectivas boas, apenas falatórios políticos, "lobo a comer lobo".
Os Estados Unidos não arredam o pé. A China se mostra a nova rainha da cocada-preta. O Brasil não assume o seu papel. A Índia pretende trocar de continente. Os pequeníssimos são afônicos. E muitos vão para safáris.
Os que estão podendo, dizem de peito estufado que são emergentes e também dizem não entender porque têm que pagar a conta do baixo desenvolvimento em nome de manter plantas e bichos.
Para os que acompanharam ao longo do ano os resultados das reuniões pré-COP, Durban está falida. A COP não solucionará nada. Porque não querem solução. Ou não querem outra solução. Ou, ainda, não conseguem mais fazer funcionar a solução que querem impor.
Enquanto isso 2011 teve catástrofes naturais e humanas dantescas (terremoto no Japão, seguido de acidente nuclear gravíssimo, Fukushima), emissões humanas crescentes de gases do efeito estufa aliadas a grandes erupções vulcânicas na Europa e na América do Sul e tudo isso com a sabedoria do homem que deixa vazer bilhões de toneladas de óleo no mar, nos EUA e agora no Rio de Janeiro (caso Chevron).
Onde é que vamos parar? Os líderes mundiais fazem apenas evoluções marketeiras e dizem que o problema é do outro. Ultimamennte até entendem que são destruidores de mundos, mas mesmo assim continuam como sempre o fizeram, como sempre entenderam a (sua) vida.
Hoje começou. Termina dia 09 de Dezembro. A população mundial precisa estar inteirada do que está acontecendo. Precisamos dos protestos. Mesmo daqueles que só ficaremos sabendo via internet. Nos cabe, aqui no Sul do Brasil e em todo lugar do mundo, trazer à tona o que está acontecendo.
Mesmo assim, votos de boas intensões àqueles que decidem nosso futuro, afinal, "a esperança é a última que morre", dizem. E mesmo que Durban esteja já predestinada ao fracasso ou ao pequeno avanço, que se consolidem as boas costuras para a COP 18, ano que vem, na Ásia.
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