segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dia Mundial sem Carro 2011: parecer

Caxias do Sul
É chegado mais um dia 22 de Setembro. Nada mudou desde o ano passado. Aliás, mudou, sim, para pior. O trânsito caxiense está mais infernal do que nunca, com o apoio governamental. Soluções existem, mas requerem predisposição política, em primeiro lugar, estudos e projetos e, claro, alocações financeiras no orçamento anual, e não apenas uma “propaganda política” em que nada é efetivamente resolvido ou pouco se alcança.

Caxias do Sul é cidade de poder econômico ímpar. Com orçamento altíssimo. Uma ilha mundial, com apenas 400 mil habitantes! Possui um PIB invejável no mundo, com diversas fábricas multinacionais cuja sede é em Caxias do Sul enquanto o povo perambula em guerra no centro da cidade com automóveis privados, ônibus, micro-ônibus, midi-ônibus, táxis, motos, moto-boys, catadores. Todos procurando o seu espaço, sem dar espaço para os outros. Todos atrasadíssimos. Uma verdadeira guerra.
A massa trabalhadora que produz essa riqueza explosiva tem pouco em retorno comparado aos giros e ganhos financeiros abundantes na nossa cidade. E tem, nesse pouco, uma mobilidade lenta e emperrada, diariamente, à exceção de fins de semana e feriados. Insuportável.
A mobilidade veicular em Caxias do Sul além de lenta, é barulhenta, fétida e desrespeitosa. Caxias do Sul, no alto da Serra Gaúcha, tem um trânsito circense. Pare e observe o trânsito de nossa cidade por cinco minutos ou menos. Esteja atento, pois muitas coisas acontecem ao mesmo tempo.



O mundo
Nos dias de hoje, toda parte do mundo com capacidade financeira está procurando soluções viáveis, de custo que valha a pena, de impacto comedido. As grandes cidades têm projetado e construído transportes públicos muito eficientes, porém em detrimento do caro e excelente metrô. São teleféricos, como em San Francisco (EUA) e Rio de Janeiro, são estradas em que está proibido o tráfego de veículos pesados, dentre tantas outras.

Mas a de maior impacto positivo à sociedade é o que podemos chamar de um retorno às origens. Com relação custo x benefício baixíssimo, o uso da bicicleta como veículo de transporte urbano efetivo é, sim, uma solução. Copenhague, na Dinamarca que o diga. Uma cidade maior que Porto Alegre, teve trânsito caótico assim como Caxias do Sul, a própria Porto Alegre ou São Paulo. Hoje, há espaço de sobra nas ruas da cidade. Sua opção foi o uso da bicicleta para o transporte seguro, ágil e saudável de seu povo.
Muitos diriam: “Copenhague é extremamente plana”. Sim, de fato o é. Mas para o ciclista, para o cidadão que opta pelo uso desse meio de transporte, isso pouco importa. O que é necessário é deixar que o cidadão opte pelo seu meio de transporte. Para tanto, há que ter condições para que o cidadão possa fazer essa opção.

E se na China as pessoas usassem veículos automotores, o mundo inteiro estaria perdido.



O Brasil
No ano de 2009 o Deputado Federal Jaime Martins (PR-MG) propôs o Projeto de Lei 6.474/09, através do qual é criado o Programa Bicicleta Brasil – leia no portal notícia no portal da Câmara dos Deputados http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/TRANSPORTE-E-TRANSITO/200596-COMISSAO-APROVA-PROGRAMA-QUE-INCENTIVA-USO-DE-BICICLETAS.html.

O Projeto de Lei, ainda em tramitação da Câmara, já passou em diversas comissões e avança para a sua concretização como lei federal. Conforme a matéria supra citada, os objetivos do PBB são:
·         “apoiar Estados e municípios na instalação de bicicletário públicos e construção de ciclovias e ciclofaixas;
·         promover a integração das bicicletas ao sistema de transporte público coletivo;
·         promover campanhas de divulgação dos benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte econômico, saudável e ambientalmente adequado.”
É uma solução viável, concreta, barata, de baixo impacto e com altos resultados positivos para toda a comunidade.

Bicicletas em Caxias do Sul
Mesmo com seu clima por vezes até hostil e sua infinidade de morros Caxias do Sul é cidade para se andar de bicicleta. O que o Governo Municipal precisa fazer é deixar que o cidadão faça a opção por qual meio de transporte quer se deslocar. A partir desse momento, com o passar dos anos, uma grande surpresa virá à tona: o número de ciclistas em Caxias do Sul é enorme!
A movimentação Massa Crítica, que em Setembro terá sua sétima edição em Caxias do Sul (dia 30) já mostra isso. Toda a última Sexta-feira de cada mês ocorre o movimento Massa Crítica Caxias do Sul com encontro a partir das 19h00 no pórtico ao lado da Prefeitura. Não tem havido intempéries climáticas que os impeça. Mesmo no Inverno deste ano estiveram lá, no frio e na chuva. Fizeram o proposto: passar em ruas centrais, em trajeto pré-programado, de boa visualização. O movimento está crescendo. Na edição de Agosto foram em torno de 80 os participantes. Com a chegada da Primavera a tendência é um crescimento bastante grande. Começa a se instalar o costume.

A necessidade de ciclovias em Caxias do Sul é premente. Com a redução de veículos das ruas, não apenas o trânsito melhora. O meio ambiente das ruas da cidade passa a ser agradável. Faça um teste: passe o dedo numa folha de qualquer árvore plantada na rua, em diversos bairros, em qualquer horário e conclua; veja o que acontece. Não deixe de fazer no centro da cidade. Esse é o resultado do ar que o caxiense respira nas ruas, quando se desloca de um lado para outro, enquanto trabalha, consome ou passa o tempo. É o resultado do ar que passa e se deposita nos pulmões de todos nós.
Caxias do Sul tem outro privilégio: suas ruas são suficientemente largas. O Livro Bicicleta Brasil aponta metragens mínimas para a implementação de ciclovias e apresenta diversas composições também, todas levando em conta os padrões necessários de segurança no trânsito. As ruas centrais de Caxias do Sul desde já estão aptas a receber ciclovias, mesmo mantendo os padrões atuais de uma pista de ônibus, duas pistas de tráfego automotor e uma pista de estacionamento.

Optar pelo deslocamento utilizando-se de bicicleta requer um novo modelo temporal no próprio dia-a-dia, para melhor. Dar-se tempo é algo que parece surreal hoje em dia, mas cabe a cada um encontrar o seu tempo para si mesmo, para seus afazeres diários, sem perder compromissos. Isso é respeito consigo mesmo. De quebra, há um ganho de saúde, com exercícios físicos. Desde o início, com a bicicleta, as pernas e o coração agradecerão. Há um custo menor de gastos com saúde uma vez que aumentarão as defesas do corpo a partir de uma melhora no sistema imunológico. Outro bom fator é a melhora da condição mental, justamente por cansar o corpo também e não somente a mente, o que melhora o sono, também. E aos fumantes, fazer exercício rotineiramente é um ótimo primeiro passo para parar de fumar.

O que o Instituto Orbis de Proteção e Conservação da Natureza está propondo não é uma provocação e sim inovação do tráfego caxiense, já em preparação ao Projeto de Lei 6.479/09 quando em vigor. Como em qualquer mudança de hábito, a estrutura educacional deverá estar de prontidão. Mas sempre é assim. Não há nada de novo quanto a isso. A estrutura fiscalizatória também deverá estar preparada.

O Instituto Orbis vislumbra uma Caxias do Sul agradável no futuro, quando chegar aos 500 mil habitantes ou mesmo um milhão, ao contrário do que tem se apresentado nas últimas décadas. A tarefa é árdua. Nunca deixou de ser. A instituição é parceira e está apta a arregaçar as mangas para as boas práticas e para a socialização da mobilidade urbana de pequena, média e longa distância urbana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário