sábado, 24 de julho de 2010

Eternamente?

No Brasil, as pessoas cantam seu próprio hino nacional, e, mesmo que o façam na perfeição, dado seu elevado grau de complexidade na escrita para a atualidade, de nada, ou pouco, entendem.
A primeira estrofe da segunda parte conta, em eloquente música dando vida a seus belíssimos versos, de uma localização, de uma condição natural, que acabou por acontecer com o desenrolar da história: “Deitado eternamente em berço esplêndido”. Uma sorte! É no “berço esplêndido” em que o Brasil está “deitado” “eternamente”, privilegiadamente na América do Sul. Inamovível. Desde aquele dia, em que Dom Pedro I bradou a liberdade para a nação brasileira, que retumbou e foi ouvido, desde as tranquilas margens do Arroio Ipiranga, em diante, somos uma nação única, gigantesca, riquíssima, por sua própria Natureza.

Porém, passados mais de 500 anos, a eternidade, então, cantada, está dando sinais de fraqueza. De que não era tão “eterna” quanto se pretendia ou se imaginava, como em toda a história da humanidade pensou que a Natureza o fosse, em todos os lugares do mundo... A versão 2.0 do ser humano ainda está longe de aparecer.

A pior prova disso é, em pleno Ano Internacional da Biodiversidade, o Congresso Nacional Brasileiro, na Comissão Especial que trata do novo Código Florestal, aprovar por intrigantes e provocadores 13 votos a favor contra apenas 05, o texto base para o novo Código Florestal, que regula nossa relação social e comercial com a nossa Natureza. Agora haverá a liberação de quem está errado, a anistia ao infrator, a permissão da destruição de áreas protetivas, por exemplo. Agora aqui é a “casa da mãe Joana” e ninguém “vai pagar nada”.

Uma lástima! Mundial! O Brasil está de luto, por tudo o que virá. O eterno não dura mais “para sempre”. Paulatina, gananciosa e reiteradamente estamos testando a resiliência da Natureza em nos dar dinheiros. E ela ainda o faz, porém, já debilitada. Esse é o problema de não entendermos a lentidão dos efeitos e consequências naturais.

Com discursos desprovidos de conteúdo criterioso e veraz, nossos deputados abdicam da própria nação, que estaria “deitada eternamente em berço esplêndido”, em nome de outros interesses, momentâneos e privados, procurando testar, ainda, quanto tempo durará a eternidade desse berço ou, simplesmente, aproveitando-a enquanto for eterno.

Novas catástrofes decorrerão de mais esse gigante erro para com a própria Natureza. Ou aqueles que entendem mal o verso do próprio hino acreditam que, como pessoas afortunadas, nascidas em berço esplêndido e que estão sem mais nada o que fazer, deitadas, estarão livres da implacabilidade da Natureza? Parece que sim. Talvez com os dinheiros arrecadados da venda do próprio berço, consigam, ainda, alguma sobrevida. Ou, quem sabe, até, envelhecer e passar "dessa para uma melhor". Mas seus filhos, seus netos, não. Esses estão presos aqui e viverão inauditas quimeras da Natureza tornando-se realidade.

Em resposta aos danos que causamos, de Norte a Sul o Brasil tem vivido catástrofes, que não podem ser qualificadas em tamanho, pois, são catástrofes. De Norte a Sul inúmeros brasileiros têm vivido o seu próprio “fim do mundo”. Em todo lugar não há mais “risonhos lindos campos” floridos. Há enxurradas enormes e nosso povo se esvaindo junto em lágrimas impotentes e carentes.

Durante os comentários da última catástrofe, a do Nordeste, que ainda está longe de ter fim, ouviu-se, ainda, alguém falando: “a Natureza está sendo cruel”. Mas, afinal, qual foi a parte que nós, humanos, ainda não entendemos? Nossa divindade não existe! Somos mortais. E há muito fala o povo: “aqui se faz, aqui se paga”. Estamos fazendo novamente. Adiante, pois, pagaremos. Só procuremos não perder o fio da meada: entendamos a inter-relação das coisas e jamais esqueçamos o quê fizemos e porquê fizemos.

O Brasil segue firme e forte seu rumo em direção a um muro de concreto reforçado, em sentido contrário ao pensamento moderno.

Um comentário:

  1. Legal! O caminho é por aí mesmo! Vai aperfeiçoando e coloca novos posts sempre!
    Veja se não há uma ferramenta para que a pessoa se inscreva, com o seu e-mail, para receber aviso de atualizaçoes no seu e-mail! Sempre em frente!!! Beijos e parabéns!!!

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